Condições para Treinamento

 Anderson Antoniacomi (28/04/2010).

Condições para treinamento.

Até pouco tempo atrás especificamente no Mountain Bike paranaense, existia uma dificuldade de organização do treinamento devido à indefinição do calendário de provas. Treinava-se para uma ou duas provas no ano (uma do paranaense e outra dos jogos abertos), onde era difícil programar uma progressão de condicionamento físico porque as datas eram incertas e não haviam provas menores definidas, para dar ritmo e testar o desempenho do atleta antes da competição principal visada.

            Atualmente, com um campeonato metropolitano consolidado e com 4 provas de campeonato paranaense mais definidas, já é possível desenvolver um trabalho baseado em princípios de treinamento desportivo, saindo daquela mesmice de socar o pau todos os dias, ou de descer a serra todo dia ou de três treinos de 60 km na semana e uma volta do litoral no domingo. Não que isso não funcione, mas tem seus limites, especialmente para a grande maioria que não tem o talento inato para despontar nesse esporte. Pois os poucos que tem talento, mesmo treinando de qualquer jeito, acabam obtendo algum resultado. Um resultado que poderia ser bem superior se treinasse de forma organizada, programada.

 

O treinamento no ciclismo / mtb.

           

Foi duro ver o relato feito em uma palestra, dado por um atleta experiente do ciclismo, dizendo que lendo o livro do Lance Armstrong, não percebeu nenhuma evolução no treinamento dessa modalidade desde quando ele treinava nos anos 80, até agora. O livro do Lance não é uma bíblia do treinamento mas expressa como a coisa ficou mais específica e perfeitamente encadeada com treinos complementares (musculação, ioga, alongamento, treinamento mental....).

Especificamente em cima da bike, o treinamento pode ser organizado a partir de distância, batimento cardíaco, tipo de terreno, RPM do pedal e valências físicas e metabólicas. A grande sacada é saber encadear tudo isso de forma que o atleta consiga atingir níveis crescentes de desempenho, e com pico de desempenho próximo das competições principais.

            Quando alguém me solicita auxílio para melhorar o desempenho em determinado ponto, não vejo como isso pode ser possível sem trabalhar o conjunto de capacidades físicas e metabólicas. Isso porque existe um encadeamento entre as valências de resistência, velocidade e força, que precisam ser trabalhadas como um todo para que o atleta fique pronto para qualquer tipo de situação de corrida e de tipo de terreno. Especialmente no mountain bike, onde as pistas variam bastante.

            Não dá para aprimorar só o giro de quem pedala travado e deixar a tranca de lado, porque uma hora ou outra o terreno inclina e a marcha leve não entra, ou o pelotão pára e não dá tempo de acertar a marcha e o atleta precisa novamente pedalar travado e, se a perna queimar porque ele passou a treinar só giro, já era.

 

O Método.

            Encontrei uma forma de organizar o treinamento onde parto de uma programação de intensidade de treino em função de uma ou duas provas importantes visadas pelo atleta. A partir dessa programação o atleta repete de forma cíclica de 14 a 20 tipos diferentes de treino, nunca deixando uma valência física ou metabólica esquecida por um longo período de tempo. Isso tem sido melhor do que treinar em blocos (de força, de resistência, de velocidade) e depois ter que encadear tudo. Penso que dependendo da ordem que essas valências forem colocadas, depois, lá na frente, perto da competição o atleta terá dificuldade em resgatar uma delas num nível adequado.

            Para seguir esse método é preciso ter um pouco de inteligência e paciência, porque não será prazeroso como simplesmente sair rodar. È preciso decorar faixa de batimento cardíaco, tiros, intervalos, cadência,... por isso é preferível que se treine sozinho ou que o pequeno grupo esteja disposto a fazer tudo igual. Se um faz e o outro só sai junto e fica batendo papo não vai dar certo, porque tira sua concentração e no intervalo de um tiro, ao invés de descansar você acaba querendo ir buscar seu colega e não funcionará como deveria.

            Creio que num período de 14 semanas já se possa sentir de maneira mais duradoura os efeitos do método, onde o atleta estará mais forte, mais descansado e ficando menos tempo em cima da bike, pois temos treinos desde 1 hora de pedal até 3h e 30 a 4 horas.